Eixos Temáticos

É com muita satisfação e expectativa que apresentamos os Eixos Temáticos da SBEO. Este documento é o resultado de um trabalho sobre a abrangência e escopo da Sociedade, indicado na Assembleia do IV CBEO como uma das prioridades para seu fortalecimento e consolidação como espaço qualificado, democrático e comprometido com a formação, a pesquisa e a intervenção político-social.

Ressaltamos que a proposta explicitada nos eixos foi orientada pela definição de escopo como “espaço ou oportunidade para um movimento, atividade ou pensamento desimpedido”, como consta no Houaiss. Sendo assim, os eixos devem se constituir em pontos de intersecção e interlocução entre diversos campos, de forma interdisciplinar ou multidisciplinar, contribuindo para a efetivação da SBEO como um lócus privilegiado de diálogos transdisciplinares na produção acadêmica e na inserção social, por meio do CBEO, da RBEO, dos fóruns temáticos etc. Os eixos servirão para orientar debates em diferentes dimensões, de forma que haja tanto a formação de grupos de trabalhos a partir de uma mesma abordagem quanto de abordagens diferentes. Eles expressam um momento da SBEO e serão orientadores da linha editorial da RBEO e do edital de convocação do próximo CBEO, a ser divulgado em breve.

Enfatizamos, como já fizemos em outra oportunidade, que os eixos agora apresentados não têm a pretensão de limitar, a priori, possíveis diálogos, assumindo que temos, na SBEO, o desafio de construirmos espaços para além de um encontro entre pesquisadoras e pesquisadores de um mesmo grupo/eixo/epistemes, alcançando a riqueza das diferenças e do debate profícuo, posto como uma das razões de criação de nossa Sociedade.

Por princípio e porque consideramos que a SBEO é feita por todos e todas que, de alguma maneira, compõem o campo de Estudos Organizacionais e correlatos, permaneceremos atentos e participaremos ativamente dos debates, formulações e construções que contribuam para consolidar o escopo e abrangência da SBEO.

Confira abaixo os eixos temáticos. Clique no nome para expandir seu texto.

Cultura e Simbolismo nas Organizações

Cultura e Simbolismo nas Organizações

O eixo aglutinador da temática “Simbolismo e Cultura nas Organizações visa debater os diversos aspectos relacionados aos processos que envolvem simbolismo e culturas em organizações. Inspirados na tradição antropológica e, portanto, compreendendo cultura numa perspectiva interpretativista. Este eixo parte da necessidade de superar o debate funcionalista que limita cultura organizacional a uma variável que deve ser controlada e manipulada em busca de desempenho como uma das representações da organização. Nesse sentido, admite-se que a cultura organizacional é diversa como a sociedade e, assim, acompanha os agrupamentos internos, produzindo identificações, representações e territórios decorrentes dos símbolos atribuídos às pessoas, lugares e espaços. Dada a multiplicidade de possibilidades de manifestações, a cultura é fragmentada e dinâmica. Os indivíduos a significam e ressignificam através de valores e símbolos, o que produz por um lado, contraposições e conflitos e, por outro, contatos e alianças. O processo cultural produz, portanto, diferenças, convergências, resistências e resiliência. O eixo estimula discussões das diversas áreas do conhecimento tais como antropologia, psicologia, filosofia, sociologia e história, para avançar no conhecimento sobre como a apreensão simbólica nas organizações contribui para a construção das relações de poder no cotidiano. Especialmente, espera-se o debate acerca das distinções e convergências teóricas, epistemológicas e ontológicas da cultura e do simbolismo.

Diversidades e produção das diferenças

Diversidades e produção das diferenças

O eixo temático “Diversidades e Produção das Diferenças” tem como proposta principal debater os diversos aspectos relacionados a produção de categorias sociais, tendo como princípio norteador analisar a produção de identidades/subjetividades e as desigualdades, diferenças, inclusões, exclusões e hierarquias sociais produzidas “entre” e “nas” identidades/subjetividades socialmente estabelecidas. Neste sentido, identidades e subjetividades são historicamente, socialmente, economicamente e culturalmente produzidas por relações de poder. Assim, categorias identitárias/subjetivas funcionam como dispositivos organizadores da sociedade pelos quais indivíduos são compelidos a se identificar. Portanto, identidades/subjetividades são aspectos políticos coletivamente produzidos ao invés de características individuais e naturais. Gênero, sexualidade, raça, deficiência, etnia, corpo e situação sócio econômica são alguns exemplos de identidades/subjetividades que operam como dispositivos ordenadores do social que produzem o normal e o anormal, ou seja, constituem minorias. Estudos que envolvem a interseccionalidade entre as diversas identidades são recentes e também são desejados. Pertencem ao eixo a compreensão de políticas públicas e privadas direcionadas a inclusão/exclusão, tais como ações afirmativas, gestão crítica da diversidade e políticas da diferença, dentre outras, considerando-se que diversidade e diferença não são a mesma coisa. Existem diferentes perspectivas teóricas que influenciam a definição das políticas de inclusão/exclusão, perspectivas estas até mesmo antagônicas, como, por exemplo, a multiculturalista e a pós-estruturalista, sendo todas elas bem-vindas. O debate sobre a influência destas diferentes perspectivas teóricas na concepção, definição, implementação e efetividade das políticas de igualdade são apropriadas a este eixo.

Economia Política do Poder, Relações de Produção e Classes Sociais

Economia Política do Poder, Relações de Produção e Classes Sociais

Trata da perspectiva das relações de poder nas organizações, com ênfase nas relações de produção das condições materiais de existência social, tendo em vista os processos de controle e os conflitos fundamentais (conflitos de classes). As abordagens podem ter origem em diferentes disciplinas com ênfases diversas. O objetivo é o de realizar uma análise da realidade da gestão das organizações produtivas que se contraponha ao mainstream tradicional da Teoria das Organizações e da Teoria da Administração e a todo o sistema de ideias e concepções gerencialistas. O caráter inovador das perspectivas neste eixo demanda a construção e a discussão de um corpo teórico interdisciplinar que valoriza o diálogo entre teorias e a proposição de uma análise crítica à ideologia do business, apresentando uma forma de análise, avaliação e conhecimento a partir de abordagens que valorizem os conflitos fundamentais (conflitos de classes sociais), as relações de produção, as relações de poder e os mecanismos de controle sobre o processo de trabalho.

Espaço e Território

Espaço e Território

Categorias centrais em campos disciplinares e interdisciplinares, Espaço e Território se constituem em importantes referências para os Estudos Organizacionais. O espaço, na tradição marxista, é eminentemente social, não fato da natureza ou da cultura, menos ainda um meio vazio e passivo. O espaço é expressão de relações sociais de produção e reprodução e é materialmente condicionado pelas forças produtivas, mas, simultaneamente, é condição mesma dessas relações e forças, da produção e reprodução da vida, das relações de trabalho e da cultura, implicado nas mediações com a natureza e entre sujeitos. Nesse sentido, o espaço (social) é um produto (social) e um meio de produção e de controle que escapa parcialmente aos que dele se servem. Espaço e sociedade não podem ser entendidos como coisas separadas, reunidas a posteriori. O espaço é um fator social, instância da sociedade, e não mero reflexo social; ele condiciona a sociedade, compartilhando do complexo processo de existência e reprodução social. Se adotada uma perspectiva estruturalista, o espaço é estruturado e estruturante das relações sociais. Assim, relações de poder e divisão do trabalho, por exemplo, e suas correspondentes formas de organização social, são melhor compreendidas considerando a dimensão espacial. Já o território, que não pode ser entendido sem os mecanismos de apropriação, ocupação e organização do espaço, exprime e conforma processos de organização social e domínios, inclusive simbólicos. Nos EOs, se encontram algumas tendências na apropriação destas categorias, dentre as quais destacamos a análise do espaço organizacional, da interação entre poder público e setores de mercado na apropriação e redefinição de partes do tecido urbano, da construção de territórios de luta e resistência, das formas de uso e controle do território e das relações de poder constituintes da territorialidade, da apropriação de teorias gerenciais e sua repercussão no planejamento urbano e de atividades econômicas que reorganizam a vida e a produção rural. No entanto, apesar destas tendências, ainda há muito a fazer para explorar as potencialidades destas categorias no estudo da organização e das organizações.

Estado

Estado

A proposição deste eixo explicita a compreensão de que os estudos sobre o Estado, a organização do poder estatal, bem como de sua direção, estratégias políticas e das articulações que engendra, constituem espaço não só para o aprofundamento dos Estudos Organizacionais como também para a imprescindível interdisciplinaridade. Se, de um lado, a aproximação mais imediata a este eixo, em nossa área disciplinar, se dê a partir das formulações weberianas acerca das estruturas de dominação, de outro, são também muito relevantes as produções das diferentes perspectivas marxistas, a partir das quais o Estado é analisado no contexto de antagonismos sociais, da política e da luta de classes, em síntese, das relações sociais de produção que o constituem. Tanto os aspectos históricos como os teóricos podem ser contemplados neste eixo. Cabem, portanto, discussões e análises sobre o Estado capitalista contemporâneo, os projetos políticos em disputa, as relações entre poder político e poder econômico e sobre experiências políticas e organizacionais Desse modo, formas de participação e representação adotadas na construção de políticas públicas ou no surgimento de novas e diversificadas demandas, por exemplo, também são contempladas, uma vez que incorporam elementos para uma agenda nacional e regional, promovendo mudanças nas formas de compreender a política, a legitimidade das instituições e a governabilidade. Interessa também levantar debates acerca das perguntas relevantes que emergem dos processos políticos em um contexto de mudanças e crises, considerando as novas relações geopolíticas, de fissuras na hegemonia tradicional e o debate sobre o neoliberalismo.

Estratégias Organizacionais

Estratégias Organizacionais

O termo estratégia passou a ser empregado em diversas esferas da sociedade, tanto em termos de práticas organizativas como no processo de produção de conhecimentos. Inicialmente sistematizado em temáticas militares, estratégia passou a receber espaços em diferentes campos do conhecimento ao longo do século XX, tais como Administração, Ciência Política, Comunicação, Economia, Filosofia, Psicologia, Sociologia, dentre outros. Dado o caráter interdisciplinar desse processo, há uma diversidade de perspectivas teóricas que se apropriam de diversas maneiras de concepções sobre estratégia e organização. Auxiliar a compreender fenômenos sociais complexos e ajudar a orientar e a delinear ações coletivas são alguns dos elementos centrais nos desenvolvimentos teóricos que utilizam estratégia, particularmente em contextos que envolvem disputas, conflitos e concorrência. O eixo incentiva a criação de interlocuções entre diferentes campos do conhecimento tendo como centralidade o conceito de estratégia, buscando compreender estratégias organizacionais sob distintas formas e matrizes teóricas, em variados contextos e realidades. Aspectos políticos, históricos, econômicos, culturais, administrativos, de relações de poder, linguísticos e discursivos, de comunicação, de produção de sentidos, todos relacionados com as interações sociais, são alguns dos pontos em comum a serem explorados e tratados no eixo temático.

Ética

Ética

O advento do estado laico, por fim generalizado no Século XX, a experiência de regimes totalitários, a derrocada de valores e a destruição de identidades nas grandes guerras lançaram o pensamento ocidental a uma nova tematização dos comportamentos sociais, partindo da consciência humana, dramática que fosse, como a descreveu o existencialismo pós-guerra, mas livre e responsável. O tema já não era apenas a moral, convencionalmente tratada, passava a ser a ética. A responsabilidade pessoal do indivíduo pelo seu destino evoluiu para a responsabilidade maior pela vida coletiva, pelas condições de convivência solidária, cada vez mais sem fronteiras nacionais, e agora agregando preocupações ecológicas de saúde e sobrevivência planetárias. Assim, após evolução e com novas bases, a reflexão ética cria espaços onde pode encontrar-se diálogo na diversidade de crenças teóricas, de ideários e projetos político-sociais. Interessa especialmente, sem intenções prescritivas, a dimensão ética das relações sociais de alguma forma organizadas onde se produzem conflitos, rupturas, ameaças, soluções e potencialidades. Estariam neste eixo de temas, entre outros, a crise de valores na sociedade de consumo; a corrupção do poder; a responsabilidade coletiva pela preservação das condições de vida; o respeito nas relações intra-organizacionais; a deterioração da solidariedade nas relações sociais; a tolerância cultural; a tecnicização da comunicação humana; as aspirações humanas emergentes, socialmente reprimidas ou ainda sem institucionalização.

Instituições e Dinâmicas Sociais

Instituições e Dinâmicas Sociais

A abordagem institucional tem uma larga tradição na teoria social assentada nos estudos de autores clássicos, como Durkheim, Weber e Veblen, constituindo-se em uma abordagem inter e transdisciplinar. Longe de constituir uma corrente de pensamento unificada, seus desenvolvimentos teóricos se distribuem por diferentes disciplinas, passando pela sociologia, pela economia e pela ciência política. Nos Estudos organizacionais, o institucionalismo, em particular o neoinstituicionalismo, destaca desde os mitos racionalizados no ambiente até esforços mais recentes em duas linhas principais: uma estratégica, voltada para os esforços dos atores em alterar, modificar ou reforçar as instituições e da ação de empreendedores institucionais em campos de ação estratégica; e outra preocupada ainda mais com os aspectos simbólicos e cognitivos da realidade social, com o estudo das práticas materiais e construções simbólicas inerentes às instituições, isto é, sua lógica institucional e as contradições existentes entre múltiplas lógicas a fomentar a complexidade institucional. Ainda que o neoinstitucionalismo apresente uma longa trajetória, seu desenvolvimento teórico permanece em aberto. A centralidade desta abordagem nos Estudos Organizacionais e o esforço teórico-empírico de um conjunto significativo de pesquisadores no sentido de enfrentar o desafio de superar os questionamentos que a ela são dirigidos, fazem com que este eixo esteja aberto não só ao aprofundamento de estudos na área como também às contribuições de outras áreas disciplinares.

Lutas Sociais

Lutas Sociais

O tema das lutas sociais se constitui em um eixo particularmente propício à articulação interdisciplinar. Nos EOs, tem sido estudado de maneira mais focada nos processos e práticas de organização e com aproximações ao campo dos estudos sobre movimentos sociais. No entanto, o tema das lutas sociais pode incorporar processos de organização popular, das elites e/ou da classe média; dos trabalhadores e/ou dos empresários. Além disso, se refere tanto aos processos e práticas organizacionais quanto às organizações que vão se construindo através destas práticas. As diferentes abordagens onto-epistemológicas, marcadamente políticas em se tratando deste tema, serão definidoras da construção dos objetos de estudo e das interlocuções teóricas, criando um espaço com grande potencialidade para o debate e o confronto de posições.

Modos coletivistas de organização e produção

Modos coletivistas de organização e produção

Este eixo temático se constitui a partir das preocupações de grupos da sociedade civil com o impacto de formas organizacionais tipicamente empresariais ou intimamente vinculadas a uma lógica de mercado. Reconhecidas por muitos como um modelo hegemônico, a organização burocrática deve ser pensada criticamente, no mesmo sentido que o processo de naturalização desta forma em todos os enclaves sociais. Neste sentido, tem sido observado por pesquisadores de diferentes áreas o fortalecimento de formas distintas desse modelo hegemônico, de base organizativa associativista – sejam aquelas diretamente voltadas para a produção, sejam as constituídas para a organização de projetos não-produtivos. Assim sendo, o presente eixo temático pretende fomentar reflexões teóricas e estudos empíricos sobre tal fenômeno, de forma a compreender melhor suas bases conceituais, históricas, sociais e políticas, reconhecendo seu potencial emancipatório. Neste sentido, são considerados neste eixo temático os trabalhos e atividades que visem descrever organizações coletivistas, apontando suas características e como estas se constituem em um contexto predominante em uma lógica mercantil. Também serão bem-vindos esforços voltados para a compreensão histórica de emergência e desenvolvimento da orientação coletivista em empreendimentos sociais (produtivos ou não), bem como dos processos de resistência a esse movimento.

Produção do Conhecimento em Estudos Organizacionais: ontologia, epistemologia e metodologia

Produção do Conhecimento em Estudos Organizacionais: ontologia, epistemologia e metodologia

Um dos mais complexos problemas na área da produção do conhecimento em geral é o que se refere à identificação das dimensões da matriz epistemológica em que se move a linha de investigação. Este eixo temático discute a produção do conhecimento (científico, filosófico, técnico) em EOR, segundo suas diferentes dimensões ontológicas, epistemológicas e metodológicas. Procura enfatizar os processos de produção e construção dos saberes teóricos e práticos, seus limites e possibilidades, buscando identificar suas estruturas, coerências, pressupostos, características e elementos constitutivos (relação sujeito-objeto; modelos de análise; critérios de demarcação do campo empírico; conteúdo da reflexão; lógica da prova; conexões entre os fenômenos; etc.). As principais (mas nunca definitivas) dimensões epistemológicas nos EOR são: positivismo; funcionalismo; estruturalismo; fenomenologia; materialismo histórico; pragmatismo. Considera-se, igualmente, seus desdobramentos: estruturacionismo, pós-estruturalismo, neopositivismo, grounded theory, neoinstitucionalismo, tipo ideal (weberiano), existencialismo, hermenêutica, etc. A importância deste tema é reconhecida recorrentemente por avaliadores em bancas de dissertações e teses, em pareceres sobre artigos submetidos a revistas e congressos e em projetos de pesquisa enviados a órgãos de fomento. A Epistemologia é a base de toda concepção referente ao relacionamento do sujeito pesquisador com a complexidade do conteúdo de seu objeto de estudo.

Repercussões Organizacionais da Ciência e da Tecnologia

Repercussões Organizacionais da Ciência e da Tecnologia

A ubiquidade da Ciência e da Tecnologia é razão suficiente para que esta temática seja devida e profundamente investigada no campo dos estudos organizacionais. É também razão de sua evidente interdisciplinaridade. Este eixo contribui para dar lugar à reflexão e expressão de preocupações de pesquisadores e pesquisadoras acerca de questões que atravessam fronteiras geopolíticas e, ao mesmo tempo, são determinantes para os estados nacionais. Investigar e refletir as repercussões organizacionais da Ciência e da Tecnologia envolve aspectos de sua produção - que ocorre predominantemente em Universidades Públicas; de sua circulação como, por exemplo, os meios de publicização - em grande parte, restritos à publicação; e de seu consumo – no limite, a quê e a quem servem. Envolvem, portanto, as relações capitalistas de produção e, dessa forma, as repercussões em formações sociais específicas, como nos países de capitalismo dependente, que enfrentam os dilemas do crescimento autônomo e da modernização reflexa. Porque a produção de Ciência e de Tecnologia é potencialmente capaz de realizar mudanças radicais no cotidiano e no destino da sociedade, são relevantes os estudos e as discussões que permitam explorar as contradições inerentes à sua produção. Um amplo espectro de atores sociais e institucionais presentes nesse campo, como as agências de fomento, as universidades, os pesquisadores, as empresas e as corporações bem como as relações que estabelecem, incluem-se entre os sujeitos-objetos de análise, além das variadas repercussões que se possam identificar, como causas ou efeitos de políticas e perspectivas que orientam a dinâmica da produção da Ciência e da Tecnologia, entre as quais cita-se, como ilustração, as repercussões ambientais, econômicas e culturais.

Trabalho: organização, processo e relações

Trabalho: organização, processo e relações

Esse eixo temático, pela natureza da categoria central, abarca estudos de diferentes áreas do saber. As tônicas principais - organização, processo e relações - apontam para uma preocupação com o trabalho e o sujeito trabalhador (a partir dos múltiplos entendimentos de sujeito: psíquicos, individuais, grupais, coletivo, classes). As formas de organizar o trabalho engendram subjetividades próprias de consentimentos, adoecimentos, resistências, lutas, etc.; o processo de trabalho não produz apenas os produtos a serem consumidos, mas também seus consumidores, de modo que partindo de reflexões sobre o trabalho - e ou voltando a elas - é possível refletir sobre uma infinidade de particularidades presente no sistema moral, valorativo, em suma, cultural de uma época, trazendo para o debate do trabalho questões também vinculadas, por exemplo, as opressões existentes nas relações de trabalho. Por relações de trabalho, neste eixo, entende-se toda e qualquer relação decorrente do fato gerador trabalho, o que permite pensar desde as relações interpessoais cotidianas até a legislação trabalhista, passando por debates como, a guisa de exemplo: as novas formas de efetivação do contrato de trabalho - implícitos e explícitos, legais ou ilegais-; as entidades representativas dos sujeitos do trabalho, como associações, sindicatos etc. Não se objetiva, com esse eixo, resumir o debate ao desenvolvimento de técnicas de aperfeiçoamento da organização e do processo de trabalho, ao invés disso, compreende-se necessário sujeitar tais técnicas à reflexão sobre suas reais e contraditórias contribuições para o desenvolvimento humano.

Tradições Teóricas em Estudos Organizacionais

Tradições Teóricas em Estudos Organizacionais

A área de estudos organizacionais percorreu um desenvolvimento histórico que culminou em uma multiplicidade de tradições teóricas, construídas, em geral, no diálogo com outras áreas do conhecimento científico. Funcionalismo, Estruturalismo, Marxismo, Institucionalismo, Fenomenologia, Pós-estruturalismo, apenas para citar os mais habituais, compõem as possibilidades de explicação das relações sociais. Seu desenvolvimento deu-se também, como não poderia deixar de ser, pela elaboração teórica própria a partir da contribuição de intelectuais brasileiros e latino americanos. Diante da heterogeneidade de tradições que possuem diferenças internas próprias, este eixo propõe-se um espaço para a auto-reflexão do campo, comportando debates intra-teóricos e interdisciplinares, acolhendo propostas que visem a discussão sobre diferenças internas em uma mesma tradição; possibilidades de aproximação/superação de diferenças; compreensão analítica sobre a produção dessas diferenças; distintas apreensões de um mesmo autor.

Violência

Violência

A violência é constante produtora de danos à humanidade e à natureza, atingindo distintos grupos sociais e indivíduos em todas as partes do mundo. Nos EOs, o tema da violência tem sido tratado principalmente com foco nas relações de trabalho. No entanto, a violência organizacional e a violência organizada têm implicações mais amplas, incluindo, entre outros aspectos: violação de direitos em geral e de direitos humanos em particular; repressão a lutas sociais populares a partir do aparelho de Estado; domínio de territórios pelo crime organizado e segregação urbana; expressões de discriminação e preconceito. Sem falar nas figurações sobre as violências, crimes e conflitos sociais, nas quais, majoritariamente, o violento é sempre o outro. Neste sentido ampliado, a violência tem sido estudada em muitos grupos de pesquisa em diversas instituições acadêmicas. Trata-se, portanto, de um eixo propício para a ampliação da atuação desde os EOs, em diálogo com os acúmulos produzidos em outras disciplinas e levando em consideração a especificidade do nosso olhar, ou seja, a organização da violência.


Atenciosamente,
Diretoria da Sociedade Brasileira de Estudos Organizacionais 2016-2018

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A Sociedade Brasileira de Estudos Organizacionais foi fundada em 21 de maio de 2012, sendo constituída por pesquisadores individuais. Sendo voltada a uma temática que se caracteriza por ser trans, inter e multidisciplinar, a Sociedade tem o objetivo de congregar pesquisadores dos diversos ramos da ciência, como Administração, Ciência Política, Direito, Economia, Psicologia, Serviço Social, Sociologia, entre outros, interessados em estudar as organizações em suas diversas formas e dimensões.

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A RBEO é um periódico publicado pela Sociedade Brasileira de Estudos Organizacionais. Nosso objetivo de contribuir para a disseminação do conhecimento no campo dos Estudos Organizacionais, estimulando o debate e a produção acadêmica inter e multidisciplinar, com vistas a um diálogo científico profícuo entre abordagens e autores de diversas áreas do conhecimento.

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