A Sociedade Brasileira de Estudos Organizacionais manifesta sua indignação frente ao descaso que ocasionou o incêndio do Museu Nacional, responsável pela destruição de grande parte dos mais de 20 milhões de itens nas áreas de geologia, paleontologia, botânica, zoologia, antropologia biológica, arqueologia e etnologia.
Além disso, o fogo também consumiu esperanças e anos de trabalho em pesquisas importantes de seis programas de pós-graduação e da brava equipe do museu, que lutava nos últimos anos pela preservação da coleção e do prédio, mesmo diante da falta generalizada de recursos.
O incêndio que destruiu, na noite de 02 de setembro de 2018, o Museu Nacional é mais uma consequência nefasta do sistemático corte de verbas para cultura, ciência e tecnologia em nosso país. Os efeitos da emenda do fim do mundo, denunciada pelos movimentos de greve e ocupação das Universidades em 2016, começam a ser sentidos com dolorosa força em situações absurdas como essa, na qual a instituição de pesquisa mais antiga do país, fundada em 1818, virou cinzas.Esse incêndio não é um simples acidente, mas um crime cometido contra a memória, a ciência e a cultura nacional. Um crime promovido por todos aqueles responsáveis pelos cortes de verbas que afetaram a capacidade de preservação do prédio, mesmo diante dos constantes alertas de seus diretores e funcionários.
A tragédia no Museu Nacional é também a que assola as Universidades Públicas. Corporações de imprensa e políticos de diversas matizes, que agora acusam, indignados, o descaso, são os mesmos que há anos vem reforçando ideologicamente um suposto custo excessivo do ensino superior público, reforçando no imaginário geral a justificação dos cortes de recurso que estão na origem dessa tragédia. Desconhecem que essas instituições, muito mais do que a responsabilidade pela formação, são fundamentais para zelar pela memória, a cultura e a produção do conhecimento em (e sobre) nosso país. Provocar o estrangulamento da Universidade Pública brasileira é criminoso, compromete a vida e o futuro de cada um e de todos! Sem estas, muitas coleções e acervos importantes já teriam desaparecido, assim como a própria pesquisa científica.
Repudiamos, ainda, a repressão violenta do aparelho de Estado aos protestos legítimos realizados na frente do Museu. Não podemos nos calar diante de tanto descalabro!
Precisamos nos organizar para lutar contra o estado de barbárie que toma conta de nosso país, começando pela revogação da EC 95 (emenda constitucional do Fim do Mundo)! Lutar por nossa história e por nosso futuro, antes que seja tarde demais!
Nota da Reitoria da UFRJ: https://ufrj.br/noticia/2018/09/03/nota-sobre-o-museu-nacional